A importância da participação da família no tratamento

A importância da participação da família no tratamento

  • Grupo Conduzir admin
  • 19 de julho de 2018
  • Autismo

A família é o primeiro contato social de um indivíduo, seja ela biológica ou afetiva.
Uma família que é participativa na vida de uma criança faz toda a diferença na sua formação como ser humano, lhe dá segurança, autoestima, direcionamento, limites, estabilidade emocional, amor… São inúmeros e imensos os benefícios.
Para uma criança com o diagnóstico de autismo a importância dessa participação é ainda maior. É preciso um exercício enorme de observação daquela criança para entender o que ela necessita sem, necessariamente, se comunicar vocalmente.

Como participo do dia a dia do meu filho

O meu filho aos 5 anos de idade fala perfeitamente, mas ainda não consegue se comunicar de forma efetiva muitas de suas emoções.
Ele não diz se está com frio ou calor, se está com fome, se está sentindo dor, se está incomodado, se quer ir ao banheiro… é uma constante “adivinhação” do bem estar do outro.
Por isso, se sinto frio, coloco blusa no meu filho, se ele começa a suar então eu a tiro. Eu cronometro no relógio e o levo ao banheiro para fazer xixi a cada 40 minutos, do contrário ele faz nas calças e simplesmente tira a roupa, independente se esta em casa ou em ambiente público.
Quando ele fica prostrado entendo que ele esta se sentindo mal, pergunto:
– Filho, tá dodói na cabeça
– Dodói na cabeça
– Filho, tá dodói na barriga
– Dodói na barriga
– Filho, tá dodói no pé
– Dodói no pé
Dou então um analgésico e fico observando se irá aparecer algum outro sintoma. Seja lá aonde estiver doendo, vai melhorar.
É preciso muita participação e muita sintonia para fazer essa leitura comportamental.
Não é possível terceirizar esse tipo de relação que, apesar de ser exaustiva, conseguimos ver bem de perto cada pequena evolução, que são enormes vitórias.

A importância do tratamento

O diagnóstico de TEA (Transtorno do Espectro Autista) traz junto com ele uma rotina intensa e diária de intervenções e tratamentos multidisciplinares. O ideal é que essa equipe seja composta por Analistas do Comportamento (ABA), Fonoaudióloga, Terapeuta Ocupacional com supervisão em ABA para manter a sintonia e o foco das metas da terapia, e todos devidamente capacitados e formados para tal finalidade.
Além disso, neurologista, psiquiatra, pediatra, além do apoio escolar com sua enorme importância da verdadeira inclusão, não só social, mas de adaptações necessárias ao aprendizado.

Outra enorme importância da participação da família é ser o elo entre todos esses profissionais, que atuam cada um na sua área.

A importância da família

A família é fundamental para o entrosamento e sucesso dessa equipe multidisciplinar. Quando finalmente consegui montar a nossa rede profissional de apoio, criei um grupo de WhatsApp com todos os profissionais e filmávamos alguns trechos relevantes das sessões, compartilhávamos no grupo e assim os profissionais das outras áreas poderiam participar do que era trabalhado de forma mais abrangente.
Além disso, é necessário dar continuidade ao que é tratado nas terapias, as crianças passam a maior parte do tempo com seus familiares (ou pelo menos deveriam), e para que o tratamento seja mais consistente e eficaz a família precisa seguir as instruções dos profissionais, tanto ao se comunicar com essas crianças, ao interagir com elas, quanto para respeitar suas limitações sensoriais e cognitivas, unindo forças e estratégias com os profissionais para que elas se desenvolvam o mais rápido possível.
Acredito que o amor, a paciência, a amizade, a cumplicidade e a doação gerarão lindos e fantásticos frutos no futuro. Não estou dizendo que será fácil, estou garantindo que será engrandecedor.

 

Michelle Carvalho – mãe do Enzo

 

*O Grupo Conduzir declara que os conceitos e posicionamentos emitidos nos textos publicados refletem a opinião dos autores.