Habilidades Sociais e Transtorno do Espectro Autista

Habilidades Sociais e Transtorno do Espectro Autista

  • Grupo Conduzir admin
  • 27 de abril de 2017
  • Blog

Ao iniciar esse texto, que tem como tarefa discutir um pouco sobre habilidades sociais e o impacto que esse tema tem no desenvolvimento da pessoa autista, me deparei com a dificuldade tanto no universo acadêmico quanto no senso comum que é a definição desse conceito. Por ser um tema muito abrangente e muito usado em contextos da vida cotidiana, ele acaba perdendo seu caráter científico. Isso torna o trabalho e a aplicação do mesmo inconsistente e baseado na interpretação do profissional atuante. É justamente aí que o trabalho de desenvolvimento das habilidades sociais se perde e cai no senso comum. Até mesmo com frases baseadas em inferências: “ele está mais comunicativo”, “está brincando mais com os amigos”, “está mais educado”.

Os três pilares para trabalhar com habilidade social

Para trabalhar com habilidades sociais é preciso que tenhamos um referencial teórico. Além de ter um instrumento de avaliação e uma análise minuciosa da cultura que estamos inseridos, e que é ambiente para a promoção das mesmas. São esses os três pilares que devem nortear o trabalho do profissional. Fato importante para que ele não caia na armadilha das interpretações e opiniões pessoais, do que se considera socialmente adequado ou não.
Esse, é por sua vez o maior erro que se pode cometer.
Segundo Caballo (2006) Habilidades Sociais é um conjunto de comportamentos emitidos por um indivíduo em um contexto interpessoal. Um contexto que expressa sentimentos, atitudes, opiniões, ações de modo adequado à situação, respeitando as ações do outro, de modo a solucionar conflitos e minimizar a probabilidade de futuros problemas. Tais habilidades são aprendidas, e como tal, são características do comportamento da pessoa e não a pessoa em si. Ou seja, ser habilidoso socialmente é uma questão de aprendizagem, e como tal é um padrão modificável.
Mas o que essas questões têm de relação com o indivíduo autista e com o tratamento do mesmo? É certo que os indivíduos diagnosticados têm como uma das principais características o atraso geral na comunicação. E, consequentemente, apresentam um déficit considerável na área do desenvolvimento social.
É preciso que o profissional tenha a visão macro do tratamento para que ele possa criar estratégias para o desenvolvimento da linguagem, motor e cognitivo, com base no que é socialmente relevante, já que o objetivo final de qualquer terapia deve ser a promoção da qualidade de vida e autonomia do sujeito que é inserido dentro de uma comunidade verbal e social.

Confira o vídeo que fala sobre o treino de habilidades sociais e intervenção em ABA

A Psicóloga, Analista do Comportamento – Consultora e Supervisora ABA do Grupo Conduzir, Marina Ramos, explica no vídeo abaixo os principais pontos dessa discussão.
[https://youtu.be/wuchxVAydU4]

Qual a melhor terapia para o desenvolvimento de habilidades sociais?

A terapia de maior eficácia, com base cientificamente comprovada para o tratamento de pessoas com desenvolvimento atípico é a terapia ABA (Applied Behavior Analysis). Baseados nos princípios da Análise do Comportamento Aplicada, o trabalho com foco no desenvolvimento de habilidades sociais também é possível de ser feito de forma estruturada. O caminho é o mesmo: identificar comportamentos socialmente relevantes, criar procedimentos dentro dos princípios da análise do comportamento, mensurar as respostas a partir do procedimento elaborado para determinar a eficácia ou não do mesmo.
É desse modo que evitamos a área do senso comum e das inferências citadas no início da nossa discussão: “Ele está mais sociável”. Mas o que significa estar mais sociável? Quando desmembramos tais conceitos em comportamentos, é possível identificar se aquela criança de fato aumentou a frequência em, por exemplo, chamar os amigos para brincar, como e com qual frequência o fez.
O trabalho de desenvolvimento das habilidades sociais é parte essencial e reflete diretamente no desenvolvimento da linguagem. Como também nas habilidades acadêmicas, motoras e etc. Já que fazem parte desse grande guarda-chuva, que é tornar o individuo hábil para responder dentro de um contexto que por sua vez é social.
Portanto, ao selecionarmos como foco de trabalho comportamentos socialmente relevantes, tais como: atenção compartilhada, habilidades para engajar-se em atividades com o outro, flexibilidade e resolução de conflitos, seguimento de regras, contato visual e a habilidade de ficar sob controle do outro, estaremos proporcionando a base para que essa pessoa possa aprender quaisquer outras habilidades que são necessárias para o seu desenvolvimento, melhorando sua independência e qualidade de vida.

 

*O Grupo Conduzir declara que os conceitos e posicionamentos emitidos nos textos publicados refletem a opinião dos autores.