A inserção dos autistas no mercado de trabalho

A inserção dos autistas no mercado de trabalho

  • Grupo Conduzir admin
  • 4 de abril de 2019
  • Blog

O futuro e tudo que engloba uma vida adulta afligem o coração de quase todas as mães de autistas. Pensamos como eles viverão quando não estivermos mais aqui, lutando por uma não exclusão. Implorando para que os nossos filhos sejam respeitados e aceitos como qualquer ser humano, com competências e dificuldades.
Sabemos que autistas leves de alto funcionamento possuem uma projeção de independência muito maior, mas sabemos também que fazem parte de uma pequena minoria que conseguirá sobreviver num mercado de trabalho tão competitivo e cheio de desafios.
Algumas multinacionais recrutam pessoas com autismo e desenvolvem nelas habilidades, associadas ao hiperfoco natural, que as tornam funcionários excepcionais.
Mas e os autistas com maiores dificuldades?
Detesto a palavra “Nunca”, mas, sendo realista, as chances de ter cargos e salários excelentes são bem menores.
Como mães, fazemos de tudo para que sejam o mais independentes possível, mas, aos 6 anos, o meu filho ainda precisa de auxílio para higiene pessoal básica, ainda possui dificuldade em usar o banheiro de forma independente e não sei se compreende muitos dos ensinamentos que incessantemente passo a ele.
Falamos muito sobre escolas inclusivas e autismo infantil, mas será que as empresas são inclusivas para os autistas adultos? As empresas estão dispostas a fazer adaptações e dar um futuro digno para esses seres humanos?
Quero que o meu filho seja financeiramente independente, tanto quanto quero que ele seja emocional e socialmente independente. Quero que ele tenha expectativas de um futuro que o acolha e o ajude a ser o melhor que pode ser, quero que ele se sinta valorizado pelas suas habilidades, que são muitas, e não desestimulado pelas suas limitações.
As empresas precisam saber que provavelmente serão funcionários completamente comprometidos, dedicados, que cumprirão religiosamente os seus horários e as tarefas delegadas a eles. Terão funcionários cheios de capacidade para desenvolver e, uma vez aprendido, fazer com excelência quantas vezes forem necessárias.
O meu coração de mãe espera que a empatia se estenda por todas as fases da vida do meu filho, não só na infância, quando a pouca idade lhe dá permissão para falhar. Mas que haja empatia e compaixão quando ele for um adulto, cheio de sonhos como qualquer um.

 

Michele Carvalho, mãe do Enzo

 

*O Grupo Conduzir declara que os conceitos e posicionamentos emitidos nos textos publicados refletem a opinião dos autores.