Mitos e verdades sobre ABA e Reforçadores

Mitos e verdades sobre ABA e Reforçadores

  • Grupo Conduzir admin
  • 23 de agosto de 2017
  • Autismo

ABA é só para autismo. Os pais não participam da terapia. A criança fica robotizada. Só indivíduos com TEA precisam de reforçadores. Essas são algumas das perguntas que costumamos ouvir ao falar sobre ABA e Reforçadores. Neste texto vamos esclarecer alguns mitos e verdades sobre esses assuntos.
Para começarmos é importante saber: O que é ABA? ABA vem do termo inglês Applied Behavior Analysis (Análise do Comportamento Aplicada). A análise do comportamento é um ciência que estuda as leis que regem a interação do indivíduo com o ambiente. Com isso, é possível prever e controlar o comportamento, e consequentemente, alterá-lo. ABA então, é a aplicação desta ciência, que observa, analisa e explica a associação entre o ambiente, o comportamento humano e a aprendizagem, sempre analisando um comportamento e traçando um plano de ação para modificá-lo.

ABA e Reforçadores

Agora podemos começar a esclarecer alguns dos mitos e verdades sobre ABA e Reforçadores

ABA é só para autismo

Mito. Como citado acima, ABA é a aplicação de uma ciência, a análise do comportamento, usada em diferentes contextos, entre eles o autismo. Em um tratamento ideal para indivíduos com TEA, temos o envolvimento de uma equipe especializada de diferentes profissionais (médicos, fonoaudiólogos, terapeutas ocupacionais – de acordo com a necessidade de cada criança), mas a associação de ABA e Autismo se deu pela comprovação científica de sua eficácia.

Terapia ABA “funciona” para indivíduos autistas

Verdade. A terapia ABA é eficaz no tratamento de indivíduos diagnosticados com TEA. Em 1987, Dr Ivar Lovaas publicou os resultados de um estudo mostrando a eficácia desta intervenção para indivíduos com autismo.
Na terapia ABA analisamos o comportamento, descrevendo e observando o que antecede e qual a conseqüência dada. A partir desses dados, é possível propor estratégias para a alteração do mesmo. Há um registro frequente de toda a terapia, e essa é uma das principais características, já que tanto os pais quanto os profissionais podem acompanhar o desempenho das crianças e saber se as metas estão sendo atingidas, quais são as dificuldades, etc. A intervenção é realizada de maneira estruturada, focando em comportamentos alvos e todo o trabalho é feito de forma individualizada e intensiva, e este, possivelmente, é o motivo do grande sucesso.

Os pais não participam da terapia

Mito. O tratamento envolve tanto a família como toda as pessoas que estão no dia-a-dia daquela criança. ABA se estende para além do momento da terapia, por isso é indispensável o engajamento e a participação da ativa da família e demais profissionais.
Para que a terapia seja mais eficaz, todos precisam receber orientações sobre como proceder em situações específicas, e principalmente as que estão sendo treinadas com aquela criança. É importante que entendam também sobre a Análise do Comportamento e seus princípios, assim todos conseguirão olhar para seus comportamentos e consequenciá-los da maneira esperada, visando a evolução de seus filhos.
Já falamos, em outro texto, sobre a importância do engajamento dos pais.

ABA é só na mesinha e robotiza a criança

Mito. O trabalho com indivíduos com TEA vem sendo muito associado ao trabalho na mesinha que por sua vez, está associado ao DTT (Discrete Trial Teaching), mas ABA não se resume à isso.
O DTT nada mais é que um formato estruturado que se caracteriza por dividir sequências complexas de aprendizado em “passos”, eles são ensinados um de cada vez durante uma série de tentativas juntamente com um reforçamento positivo (falaremos deste assunto mais adiante) e um nível de ajuda (dica), dessa maneira assim é possível atingir o objetivo traçado.
Em grande parte dos casos, no início da intervenção é importante ter um ambiente estruturado para reduzir ao máximo as distrações no ambiente natural, e assim dar mais consistência as instruções e as conseqüências dadas a determinados comportamentos. Este ambiente mais estruturado é ideal para estabelecer repertórios básicos que são de extrema importância para que posteriormente seja possível instalar os repertórios mais complexos.

Reforçador só é usado para indivíduos com autismo

Mito. Todos nós precisamos de reforço e tudo o que fazemos é para que possamos atingi-lo. Tudo o que fazemos no nosso dia a dia é mantido por reforço e há diversos exemplos dele: pode ser o salário no final do mês, o reconhecimento do chefe por um projeto que passamos horas trabalhando, um parabéns dos pais por uma nota alta ou mesmo um “obrigado” após ter pegado uma caneta que caiu no chão. O reforço é algo poderoso o suficiente para que façamos algo novamente para receber a conseqüência que queremos/esperamos. Se queremos o salário no final do mês, continuaremos trabalhando; se desejarmos o reconhecimento do chefe, nos motivaremos para executar o projeto; se esperamos o parabéns dos pais, estudaremos para tirar notas altas; e assim por diante.
Na terapia ABA, identificamos o que é reforçador para aquele indivíduo em situações específicas (por exemplo: um “parabéns” pela execução de um projeto do trabalho, vindo de uma pessoa que não entende nada sobre o assunto, provavelmente não será tão poderoso quanto o “parabéns vindo do chefe), e assim, instalamos novos repertórios/habilidades.

Reforçadores são sempre alimentos e brinquedos

Mito. Em geral, principalmente no início da intervenção, se faz necessário o uso de reforçadores arbitrários (carrinhos, brinquedos, doces, frutas, cócegas, entre outros), ou seja, aqueles que não são naturais.
Se pensarmos em um indivíduo que arruma o quarto para manter a organização, estamos falando de um reforçador natural. Usando o mesmo exemplo do quarto, mas em uma situação onde os pais dizem que ao filho que só poderá sair para brincar após arrumar o quarto, então o “sair para brincar” seria um reforçador arbitrário para que a criança arrumasse o quarto.
Na terapia ABA os reforçadores funcionam da mesma maneira. Em determinadas condições é necessário iniciarmos com o uso de reforçadores arbitrários, para que futuramente a motivação venha apenas do reforço natural.
Poderíamos citar mais inúmeros mitos e verdades sobre a terapia ABA e reforçadores, há ainda muita falta de conhecimento sobre o assunto. Por esse motivo, é importante sempre ir atrás de fontes com informações confiáveis, pesquisando em sites conceituados e principalmente, com profissionais especializados.

 

*O Grupo Conduzir declara que os conceitos e posicionamentos emitidos nos textos publicados refletem a opinião dos autores.