Perspectivas de uma mãe sobre sexualidade no autismo

Perspectivas de uma mãe sobre sexualidade no autismo

  • Grupo Conduzir admin
  • 22 de julho de 2019
  • Blog

Sempre ouvi e li relatos constrangedores sobre a relação do autismo com a sexualidade: adolescentes que se masturbam em qualquer lugar, outros que gritam quando se veem sujos pela ejaculação, outros que tiram a roupa em público sem o menor constrangimento, outros que pegam a mão de terceiros e colocam em seus órgãos genitais quando se sentem excitados…

Confesso que meu coração de mãe fica apreensivo ao imaginar como será quando meu filho atingir a puberdade, quando os hormônios tiverem gritando e forem incompatíveis com sua capacidade de entender regras sociais ou incompatíveis com sua maturidade emocional.

Sei que o comportamento inadequado pode ser redirecionado e modelado para um comportamento que seja saudável e aceitável, mas sei também que no “pacote do TEA” nada é tão simples e fácil como na teoria. Às vezes o processo é bem mais demorado e exaustivo do que imaginamos.

Aos 6 anos, meu filho já sabe que ninguém pode tocar em seu “pipi”, só ele mesmo na hora de fazer xixi, a médica acompanhada pela mamãe para examinar se está tudo bem e a mamãe na hora de lavar. 

Às vezes o “pipi” fica durinho, ele fica aflito e eu explico: – Sei que o “pipi” tá durinho, não tem problema, isso é natural. Já, já ele voltará ao normal.

Eu não sei se ele entende o que eu digo, mas não pretendo desistir de falar quantas vezes forem necessárias e direcionar quantas vezes for preciso.

Já tenho estudado a respeito de educação sexual atípica, mas confesso que toda ajuda profissional será bem-vinda. Também tenho estudado relatos de autistas adultos sobre o assunto e tem sido engrandecedor.

Ainda não sei como isso se dará, como será a evolução de meu filho até lá, como ele reagirá diante a puberdade e tudo que envolve questões hormonais. 

O que eu sei é que continuarei dando meu melhor para que ele seja o mais independente possível e trate as coisas com a naturalidade que elas devem ter.

Nós, mães atípicas, não nascemos sabendo, o que nos resta é aprender com eles e por eles para que juntos tenhamos uma vida mais leve e feliz.

 

*O Grupo Conduzir declara que os conceitos e posicionamentos emitidos nos textos publicados refletem a opinião dos autores.