Transtorno do Espectro Autista e comorbidades

Transtorno do Espectro Autista e comorbidades

  • Grupo Conduzir admin
  • 8 de outubro de 2018
  • Autismo

O que é uma comorbidade?

Comorbidade é a existência de duas ou mais doenças/transtornos simultaneamente em uma mesma pessoa. Uma das características da comorbidade é que existe a possibilidade de as patologias se potencializarem mutuamente, ou seja, uma provoca o agravamento da outra e vice-versa. Além disso, a comorbidade pode dificultar o diagnóstico e influenciar o prognóstico do indivíduo.

Transtorno do Espectro autista (TEA) e as comorbidades:

De acordo com Moreira (2012), comorbidades genéticas e ambientais são detectadas em pelo menos 20% dos indivíduos com Transtornos do Espectro do Autismo (TEA).
Segundo o estudo de Meng-Chuan Lai et al., em 2013, 5% dos indivíduos com TEA apresentam como comorbidade alguma síndrome genética, sendo as mais comuns (com prevalência em torno de 10%): a síndrome do X frágil, síndrome de Down, e síndrome de Rett.
Também há grande prevalência de comorbidades psiquiátricas em indivíduos com TEA: estima-se que cerca de 70% dos indivíduos podem ter uma perturbação mental como comorbidade e 40% podem ter duas ou mais comorbidades (DSM-5). Fator este que frequentemente complica tanto o diagnóstico como as estratégias de intervenção, devido à dificuldade de identificar claramente quais comportamentos são decorrentes do autismo e quais podem ser da comorbidade.
Dentre as comorbidades psiquiátricas, as mais comuns são:

  • ansiedade, presente em cerca de 42 – 56% dos indivíduos com TEA;
  • depressão, em cerca de 12- 75%;
  • transtorno obsessivo-compulsivo, em 7 – 24%;
  • Transtorno Opositor – Desafiador, surge em 16 –28%;
  • Abuso de substâncias psicoativas, em menos de 16%;
  • Transtornos alimentares, somente 4%.

Com relação ao desenvolvimento intelectual, cerda de 45% dos indivíduos com TEA possuem alguma alteração.

Importância do tratamento multidisciplinar:

Devido às elevadas taxas de comorbidade e às suas variedades (genética, psiquiátrica e intelectual) em pessoas com TEA, é necessário a criteriosa e precoce identificação de tais comorbidades, uma vez que com diagnóstico completo, o tratamento abarcará todas as estratégias necessárias para o tratamento e evolução prognóstica do indivíduo.
O trabalho em conjunto de uma gama de profissionais (geneticista, psiquiatra, fonoaudiólogo, terapeuta ocupacional, psicopedagogo e supervisor ABA) é determinante para um bom prognóstico e melhora da qualidade de vida do indivíduo e seus familiares.

 

Referências Bibliográficas:

  • Revista Psicologia: Teoria e Prática, 18(1), 166177. São Paulo, SP, jan.abr. 2016. ISSN 15163687 (impresso), ISSN 19806906 (online). http://dx.doi.org/10.15348/1980-6906/p.
  • Moreira, D. P. Estudos de comorbidades e dos aspectos genéticos de pacientes com transtorno do espectro autista.  Instituto de Biociências da Universidade de São Paulo.

 

*O Grupo Conduzir declara que os conceitos e posicionamentos emitidos nos textos publicados refletem a opinião dos autores.